Analfabetos emocionais

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Sempre que não estamos bem emocionalmente (desanimados, abatidos ou ansiosos), ficamos muito aflitos, tanto pelo sofrimento em si quanto em decorrência de não sabermos claramente a origem desse mal-estar.

Tentamos enfrentar essas situações de várias formas, tais como: fazendo exercícios, indo a festas, viajando, fazendo compras, comendo, bebendo, usando drogas, transando mais com o mesmo companheiro (a) ou com vários (as) etc.

Existe sim a necessidade de um contato real para o desenvolvimento de um relacionamento mais sólido. O essencial é que as pessoas não se tornem reféns da tecnologia e deixem de lado outras atividades que não dependam dela.

Se essas providências não contribuírem para a superação do sofrimento, surge frequentemente a ideia de se tomar uma medicação, na linha de um tranquilizante (faixa preta) ou um antidepressivo.

Neste artigo, introduzo uma nova palavra – EXCORE –, para tentar estimular a reflexão sobre a origem de parte de nossos sofrimentos psíquicos.

Você concorda que muitas pessoas terceirizam seus problemas, para se eximir de responsabilidade?

Costumamos ter muitas Expectativas em relação aos outros e ao que desejamos na vida. Muitas vezes, entretanto, fazemos muito pouco para realizar nossos desejos e também não percebemos que os outros, geralmente, não estão preocupados com nossas vontades, e sim com as deles.

Não havendo preenchimento das expectativas, surge a Cobrança (seja explícita, velada, ou mesmo inconsciente), em relação aos outros. Como esses mecanismos não produzem efeitos positivos, ao contrário, vão abatendo a pessoa, o próximo passo é previsível: o Ressentimento.

Esse sentimento é uma ruminação que ataca a mente e se apodera dela, como se fosse uma agulha que tranca num disco de vinil. Leva a um pensamento e a um sentimento obsessivos que mantêm esse sujeito paralisado. Instalado esse mecanismo, fica-se prisioneiro desse ritual de pensar e sentir. A vida vai se tornando sem graça, sem criatividade e a pessoa vai adoecendo. Este adoecimento se mostra por meio de sintomas como o abatimento, a raiva, a insônia, a ansiedade, a irritabilidade, com consequências danosas para o cotidiano.

É importante que cada um de nós desenvolva uma certa capacidade de refletir sobre as coisas que não estão indo bem na nossa vida. Cuide para não se excluir da responsabilidade e ficar sempre olhando para fora, para o outro.

Eu costumo dizer, de uma forma caricaturada, que as pessoas ainda são “analfabetas do ponto de vista emocional”. O que significa isso: é que sempre estamos buscando fora de nós as razões pelas quais nossas vidas não dão certo. Geralmente debitamos a culpa aos pais, aos chefes, aos companheiros(as), aos “ex”, à falta de dinheiro etc. Outra alternativa, também tão doente quanto a primeira, é acharmos que nós somos culpados pelas mazelas dos outros.

Nessa linha de pensamento, alerto para que tomemos o cuidado de não terceirizarmos nossa vida, ou seja, acreditarmos que o outro nos fará feliz e resolverá nossos problemas. Também não acredite que a felicidade do outro depende de você.

Não esqueça desta palavra nas horas de sofrimento emocional: EX+CO+RE. Pensem nisso e usem essas reflexões para que 2012 possa ser efetivamente diferente.

Dr. Nelio Tombini
Psiquiatra
Dir. da Psicobreve

* Artigo publicado na versão impressa do Jornal Zero Hora, página 13, domingo, dia 22/01/12 e disponibilizado no site zerohora.clicrbs.com.br/rs/noticia/2012/01/tema-para-debate-analfabetos-emocionais-3639084.html 


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