O alto preço da Doença Mental

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Quando falamos de doença mental com certeza nos ocorre lembrar  dos loucos, dos que estão “fora da casinha”. De fato, a loucura é o pior e o mais grave estágio do adoecimento emocional. É o caso do massacre dos alunos da escola no Rio de Janeiro. Tudo indica tratar-se de um esquizofrênico que cometeu essa barbárie conduzido pelos seus delírios e alucinações.

Essa doença, se não tratada, aniquila o juízo critico, sendo a realidade externa interpretada de forma  distorcida. O doente refere receber mensagens ou escutar vozes, que lhe dão um comando a seguir. Na chacina do Rio, parece ter havido uma preferência em matar meninas adolescentes. Numa carta, encontrada posteriormente, o assassino dizia que as mulheres que praticam sexo antes do casamento são impuras. Talvez, em sua loucura, pudesse querer acabar com as possíveis impuras.

O álcool mata sem parar no trânsito. Ele e outras drogas como a maconha, ecstasy, LSD e cocaína também podem detonar o gatilho da loucura, que está adormecida, em algumas pessoas. É difícil proteger-se de um doente dessa gravidade, pois poderemos estar no seu caminho, numa crise de loucura e esse encontro pode acabar em morte. Nem os pais estão imunes a tal risco.

Quero, aqui, enfatizar uma outra forma de adoecimento emocional, mais comum, cotidiana. O desejo doentio do ser humano de querer mandar na vida do outro. Refiro-me ao sujeito que pensa saber tudo e entende que ninguém tem algo a lhe dizer. Quer se apropriar da verdade, exclusiva e absolutamente. O mais grave é que nem mesmo ele se dá conta desse seu jeito de se relacionar. Os que convivem ao seu lado fatalmente adoecerão, desenvolvendo sintomas depressivos ou ansiosos, dependência e desvalia.

O ser humano é sedento pelo poder e tudo pode valer para obtê-lo. Essa situação nos remete a relações pessoais onde o objetivo é levar alguma vantagem, ao invés da sadia motivação de estar com a pessoa porque se deseja intimidade, afeto e acolhimento. Esse padrão de relacionamento adoecido leva o indivíduo a possuir coisas, mas cria-se um grande vazio interior, que deixa a vida sem sentido. Fecha-se um ciclo vicioso: buscam-se mais amigos poderosos, carrões, dinheiro, viagens, festas, álcool, drogas e  conquistas sexuais.

Em suma, a doença mental tem um alto custo, individual e social. Pode causar mortes, ou ocasionar depressões, ansiedades, irritações, insônia e agressividade. Assim como sabotar relacionamentos, destruir famílias, causar perdas de emprego. Precisamos de coragem e humildade para procurar ajuda, de um psiquiatra ou psicólogo, quando necessário.

Dr. Nelio Tombini
Psiquiatra
Diretor da Psicobreve
Responsável pela Psiquiatria da Santa Casa


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