Transtorno Bipolar -TBP

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Trata-se de uma doença ou transtorno que altera o humor ou afeto.

O humor oscila normalmente, de acordo com situações do dia-a-dia, agradáveis ou desagradáveis. Imaginem o nosso humor como a “bateria de um carro” com energia acumulada. A bateria ficando fraca o carro pode ter problemas para pegar (depressão), mas se a bateria esta com carga demais pode dar um curto-circuito e também não funciona (euforia exagerada, excesso de energia).

A queda do humor seria igual à depressão. Existem pessoas com depressão crônica, mas de intensidade leve a moderada. Estes fazem suas coisas, mas com muito esforço e sem prazer. É como se carregassem  um peso nas costas. Estas depressões chamamos na psiquiatria de DISTIMIA.

Outro tipo de depressão é a Depressão Maior, como já diz o nome, é mais forte que a distimia, a pessoa afunda mais. Pode ter início súbito e deixa a pessoa sem condições de tocar a vida, podendo ter vontade de se matar.

A depressão pode atingir até 15% da população. Tem um grupo de pessoas que mistura depressão com Mania. Mania, na psiquiatria significa: energia exagerada, euforia destoante da realidade, fala rápida, sensação de poder que leva a pessoa a gastar e realizar negócios que não pode desejo sexual aumentado e sem pudores, faz muitas coisas ao mesmo tempo e não as termina, não necessita dormir mais que duas a três horas ao dia, o pensamento voa na cabeça e não escuta ninguém. Quando esta elevação de energia e euforia não é tão intensa, chamamos de Hipomania. Os leitores se deram conta que esta doença tem dois polos, o da depressão e o da mania. Por isto chamamos de Transtorno Bipolar, como se fosse o polo positivo e o negativo. Esta doença pode atingir 5% da população.

No passado esta doença era chamada de Psicose Maníaco-Depressiva, porque o diagnóstico só era feito naqueles pacientes que chegavam ao extremo da loucura (psicose). Sabemos que o Transtorno Bipolar varia de leve a grave, como se pudéssemos dar um escore. Hum (sintomas leves) a 10 (estado de loucura). A pessoa, mesmo com sintomas leves da doença, tem prejuízo na sua vida.

A doença pode aparecer na infância e na adolescência, de um jeito diferente do que aparece no adulto. Crianças com hiperatividade e agitação ou adolescentes com agressividade e impulsividade, uso de drogas, poderão na fase adulta ter Transtorno Bipolar.

O TBP é genético, a pessoa já nasce marcada para ter a doença, é só uma questão de tempo para que apareçam os primeiros sintomas. O problema deve estar relacionado com os neurotransmissores cerebrais, mas não temos nenhum exame que possa fazer o diagnóstico da doença. É frequente o uso de drogas e remédios para emagrecer, desencadearem a doença. O diagnóstico é feito conversando com o paciente e com os familiares, claro que um psiquiatra com experiência terá mais chances de perceber se há ou não esta doença.

Quando um paciente está na fase depressiva ele normalmente aceita ser ajudado, mas quando está na fase de euforia não quer saber de tratamento. Nestes casos, se o paciente vem se expondo a risco ou correndo perigo de jogar fora seu patrimônio, poderá ser internado contra sua vontade.

O TBP ainda é muito pouco diagnosticado pelos médicos. Os pacientes que têm a doença e não estão se tratando, acabam usando álcool, outras drogas ou tranquilizantes para acalmarem-se.

Qual é o tratamento? O lítio é o principal remédio, porque funciona como um moderador da doença não deixando o humor oscilar para cima ou para baixo, como se fosse uma vacina contra doença. Se a pessoa já esta em crise, ele ajuda na fase de euforia ou excitação.

Existe uma confusão no meio médico de que pessoas que fazem exame de sangue e o lítio esta baixo precisam tomar lítio. Isto está errado, todos nós temos lítio baixo no sangue. O lítio é usado como remédio e depois que a pessoa esta tomando lítio, se pede exame de sangue para ver se o remédio tomado alcançou os níveis desejados.

Quando um paciente esta na fase depressiva, além de tomar um moderador do humor, poderá necessitar tomar antidepressivo. Nestes casos é necessário cuidado para que o paciente não vá da depressão para a outra fase, de excitação.

Esta doença costuma aparecer em outras pessoas da família. TBP deve ser tratado com remédios. Terapia pode ser uma opção posterior.

Estes pacientes deverão fazer uso continuado de remédios, pois a doença é cíclica e voltará se não fizer uso de medicação. Existem outros moderadores do humor, como carbamazepina, acido valpróico, topiramato, lamotrigina .mas o mais usado e o mais barato  é o lítio. Estes remédios não viciam .

Dr. Nelio Tombini


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