Depressão na Infância não é brincadeira
No mês de outubro celebra-se o Dia das Crianças e com isso é necessário refletir sobre o que realmente importa para elas. Mais do que presentes é preciso um olhar atento para os pequenos. É preciso perceber como a criança está se desenvolvendo, interagindo e como está se comportando no dia a dia.
Muitos pais acreditam que comprar um bom brinquedo é a melhor forma de compensar sua ausência. Mas não! O importante é que quando os pais estiverem com seus filhos, eles realmente estejam presentes para conversar e dar afeto e que não passem o tempo todo no celular visualizando as mensagens. As redes sociais acabam dificultando um pouco essa relação de troca, em vários momentos os pais estão dentro de casa, porém no celular e os filhos ficam tentando serem vistos.
Abaixo a psicóloga Ana Carolina Tombini responde algumas perguntas com o objetivo de auxiliar na identificação dos sintomas da depressão na infância:
Como identificar que uma criança está com depressão?
Entre os sinais mais comuns percebe-se que a criança com depressão tem principalmente dificuldade de brincar. A criança não brinca, tende a ficar mais isolada e não consegue se afastar das figuras de referência, como os pais, por exemplo. Essa insegurança em relação ao afastamento das figuras de referência é conhecida como ansiedade de separação. A criança deprimida tem uma ansiedade intensa de separação. Porém, essa ansiedade faz parte do desenvolvimento infantil e é esperada. E geralmente a criança saudável consegue enfrentar esse desafio sem apresentar problemas de autoestima e autoconfiança.
Outra característica comum é a perda do apetite. A criança com depressão também acaba apresentando dores de cabeça, de barriga, pois ela somatiza mais. Os pequenos normalmente ficam mais chorosos, tem prejuízo no sono e sentem mais medos em geral. Muitas vezes são vistos como uma criança que não incomoda, porque são mais quietos e introspectivos. Além disso, a criança não manifesta seus sentimentos como os adultos, por isso é mais difícil identificar um quadro de depressão.
Como saber se o comportamento da criança está dentro do esperado ou se apresenta sinais de depressão?
É importante perceber se esses sinais são pontuais, adaptativos, a uma determinada situação ou se eles se mantêm por um período longo. Muitas vezes é só uma situação de adaptação a uma nova realidade, por exemplo, quando nasce um irmão, ao mudar de escola, de residência ou ainda durante a separação do casal. Por isso, é importante prestar atenção em que contexto isso está ocorrendo. É sempre bom verificar como a criança está se comportando em casa e na escola e fazer essa reflexão.
Em muitos casos mesmo quando a criança passa por um momento de crise, ela consegue superar e se reorganizar dentro dessa nova realidade. No entanto, se isso não ocorrer deve-se buscar ajuda de um profissional para fazer uma avaliação do seu filho.
Depois de identificar a depressão na infância, como é o tratamento?
Geralmente, o mais utilizado é psicoterapia e orientação aos pais. Em alguns casos de depressão mais severa são utilizados antidepressivos para criança numa dosagem mais baixa com objetivo de auxiliar na retomada das suas atividades. Assim que ela se reestabelece, a medicação é retirada gradativamente e mantém-se o acompanhamento psicoterápico e a orientação aos pais.
Existe uma probabilidade de filhos de pais depressivos terem uma chance maior de desenvolver a doença, mas não é uma regra, não significa que isso necessariamente possa ocorrer. A intimidade e o envolvimento das crianças com os pais, o espaço de trocas, confidências, parcerias entre eles proporciona um ambiente mais favorável para a construção da saúde emocional da criança. Dessa forma, quando se proporciona esse tipo de experiência, a criança possivelmente se tornará mais confiante e segura para lidar consigo e com os outros.
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Ana Carolina Tombini
Psicóloga – Especializada em Infância e Adolescência
CRP: 07/12371
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