As barbáries e as doenças mentais

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Estamos alarmados com atos terroristas que acontecem em várias partes do mundo. Os últimos acontecimentos estão vinculados aos fundamentalistas islâmicos. Outras barbáries vêm acontecendo em vários países. Alunos mortos com frequência nas escolas dos EUA. O norueguês que matou mais de cinquenta conterrâneos. Os assassinatos na escola do subúrbio do Rio e o estudante de medicina que matou vários em um cinema de São Paulo.

Geralmente nestas tragédias o assassino mata movido por uma motivação inconsciente, desconectada da realidade. O impulso de matar se cria na mente desta pessoa e este ato pode estar conectado ao desejo de um ente superior. As pessoas que estão cumprindo esta missão estão tomadas por um sentimento de grandeza e superioridade. Foram escolhidas para esta tarefa purificadora. Chamamos de delírio este estado de possuimento.

Vejamos um paranóico. Ele tem um delírio e acha que todos conspiram contra ele e o perseguem. Sente-se grandioso e muito importante, ao ponto de o mundo estar contra ele. Para se defender, parte para o ataque. Atrás desta grandiosidade, esconde-se uma extrema fragilidade, desvalia e falta de sentido para sua vida. Quando um homem bomba se explode, recebe um prêmio divino: irá ao céu se encontrar com muitas virgens.

Na Rua Padre Chagas, circula um rapaz, apelidado de cheirinho que tem sinais evidentes de esquizofrenia. Ele bebe e, às vezes, vai para o meio da rua e aponta para os carros como se tivesse com uma arma na mão. É tratado como um mascote do bairro.

Os consumidores de crack podem ter um surto psicótico e matar alguém por uma banalidade qualquer.  É evidente, que cheirinho e os usuários de crack precisariam de internação compulsória para receberem tratamento.  Os mendigos são, na sua maioria, doentes mentais, mas a sociedade os enxerga como vagabundos.

A sociedade e os órgãos públicos não dão a devida atenção à doença mental. Não pretendo justificar os atos insanos dos terroristas, mas sinalizar para a possibilidade de doença mental na motivação destes assassinatos.

Nelio Tombini
Psiquiatra


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